Da derrocada ao esquecimento
Durante o dia 28 de julho de 2013
tive uma infeliz constatação. Sequer um jornal de grande circulação da Bahia citou
no periódico ou no formato digital os 75 anos do Massacre do Angico. Devemos
lembrar que o referido estado foi local de passagem, coito, acordos, traições, mortes
e berço da cangaceira mais famosa- Maria Bonita. Data que deveria ser
devidamente referenciada e sinalizada devido à importância dos fatos que ocasionaram
a ascensão e a derrocada, se assim podemos dizer, do Cangaço. Em uma semana
tomada pelo Papa e o Bebê Real já era de se esperar que a morte de um gênio da
música brasileira –Dominguinhos- e de um dos últimos cabras de Lampião -
Candeeiro- que inclusive sobreviveu a Angicos, passassem sem a devida atenção e
reconhecimento.
Como já dizia o célebre Chico
Science “Acontece hoje, acontecia no sertão quando um bando de macaco perseguia
Lampião...”75 anos de
pois e pouca coisa mudou. A fome continua a mostrar sua
mais bruta face, a falta d’água permanece sendo um problema, a questão da terra
ainda não foi resolvida, justiça com as próprias mãos continua sendo a forma mais
plausível de resolver os problemas. Os coronéis são outros,embora descendentes
dos tantos que protegeram ou delataram Lampião e grandes nomes do Cangaço. O
Estado continua a ignorar estas porções de terra historicamente relegadas ao
esquecimento.
Em 28 de julho de 1938
enfraquecia-se um movimento social que denunciava todas essas questões expostas
acima. Seguiu abatido até 1940 quando do fim de Corisco e a entrega dos últimos
homens que resistiram , em nome da honra, se apresentar aos “macacos”.
Lampião, Maria Bonita,
Quinta-Feira, Luiz Pedro, Mergulhão, Alecrim, Enedina, Moeda, Elétrico,
Colchete e Macela fazem parte do “Brasil Real” como afirma Ariano Suassuna. Esse
Brasil por vezes ignorado e
propositalmente citado sem a devida importância nos livros de história.
Ficarei feliz se ao menos uma
pessoa ler esse texto e refletir sobre o papel do Cangaço como denunciante da
sociedade da época, que por vezes dialoga com a sociedade atual. Peço que quem praticar este exercício, esqueça
as alcunhas “Robin Hood” e “Famanaz”, pois assim terá a tal imparcialidade.
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