Postagens

O Velho Chico a margem das contradições

É de encher os olhos e se contagiar com a alegria e a esperança dos sertanejos que agora podem chamar o Velho Chico de seu. É de cortar o coração ver uma vazão tão baixa, permitindo que o mar avance cada vez mais salinizando as águas do Rio. Dói de ver a população que já é antiga conhecida do São Francisco sofrendo cada vez mais com a falta d’água para regar a plantação, com cada vez menos peixes para ter o que comer.  Na minha cabeça existe uma linha tênue entre ser a favor e contra a transposição. É preciso, como sempre, empatia para entender os lados. Primeiro veio o transporte fluvial – o Vaporzinho – muito usado na movimentação entre o Nordeste e o Sudeste do país, utilizava a lenha como combustível, o que ocasionou grande desmatamento da mata ciliar. Depois veio Delmiro Gouveia com as hidrelétricas de Paulo Afonso e mais tarde a CHESF com mais obras do tipo (hoje um total de 8 hidrelétricas), mudando curso do rio, inundando cidades, modificando vidas.  A agricultura de

Vivência no Sítio do Futuro

Imagem
Quando pequenos, temos como uma das brincadeiras favoritas colher mato pra fazer comidinha. Estar sujo de terra é mais frequente do que estar limpo. Quando pequenos, temos uma relação mais estreita com a natureza. Prestamos mais atenção ao que nos rodeia, seja um canto de um pássaro diferente, um pôr-do-sol em tons de degradê, o pisar em pequenas poças, o admirar-se com o movimento dos pequenos insetos.  E então crescemos e perdemos o mato, o contato e o sentir. O mundo cão que nos rodeia nos ensina que sentimentos só devem ser demonstrados aos mais próximos (e olhe lá), jamais a desconhecidos. Ele nos veste uma armadura que cobre até nossos olhos. Quando foi a última vez que você admirou a lua? Quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez? Onde está aquela criança que se admira com as pequenas coisas do mundo?  As palavras criadas pelo ser humano ainda não chegaram ao nível do significado do que vivi nesse carnaval, mas talvez algumas delas como: paz, reencontr

Holocromos

Imagem
Hoje recebi um presente do universo através das mãos da minha terapeuta. O nome desse presente é Holocromos, um sistema criado pela psicóloga Muni Oliveira,  formado por 64 telas hológraficas que representam o estado da arte da natureza em forma de fractais, ou seja, as figuras com cores em sintonia e bastante atrativas podem representar, por exemplo, um pedaço de asa do morcego, ou a menor parte de uma flor. As telas traduzem a condição do indivíduo no momento presente, fala sobre essência, sensações, emoções, somatizações, resistências, potencialidades e etc. A terapeuta pediu que eu tirasse com a mão esquerda 8 cartas e que a escolha fosse naquelas que mais me atraiam, sem pensar muito. Seguindo a escolha do subconsciente, as imagens foram dispostas em formato de flor, todas as telas interligadas e refletindo uma na outra,  se traduzindo em palavras e  poucas vezes nessa vida algo fez tanto sentido! Era a minha energia, meu inconsciente trabalhando para que tomasse consciência d
Imagem
Agosto de 2015. Essa foi a última vez que eu postei algo nesse blog. Não que tenha desistido dele, pelo contrário, quando quero ouvir os meus próprios conselhos ou que pensava há anos atrás recorro a ele. O motivo de retomar minhas postagens é a vontade de deixar registrado as coisas que sinto e penso no momento, muito mais pelo sentir do que pelo pensar, na verdade! Acho pouco possível que alguém leia esse blog, mas eu não me importo de verdade. Tenho andado desconectada das redes sociais e a única coisa que sinto falta mesmo é de expor um pouco dos meus pensares e sentires. De 2015 pra cá quanta  diferença. Corpo, cabelo, sorriso, olhar, pensamento, sentimento... muita coisa mudou. Quantas coisas maravilhosas vivi e outras totalmente opostas. A certeza é que hoje eu me conheço muito mais e me respeito muito mais também (já dizia Gonzaguinha). Tenho mergulhado cada vez mais profundamente no meu próprio ser, e confesso que me sentido orgulhosa pela mulher que venho me tornando. P
“Toda pessoa sempre é as marcas das lições diárias de outras tantas pessoas”. Mais uma vez incluo o trecho de Caminhos do Coração de Gonzaguinha em um texto meu. Acho que a letra fala muito sobre mim, das marcas, dos aprendizados, sobretudo da liberdade de transitar por onde tenho vontade. A gente é tão somente aprendizado, do que os pais, a escola, os amigos, as crenças ensinam.  Mesmo que a gente viva 100 anos sempre teremos algo a aprender com o outro e não posso desviar o caminho de onde quero chegar: as relações amorosas.  Para pessoas sensíveis e intensas como eu, às vezes três encontros são suficientes para despertar algo, talvez seja a pressa de querer viver algo que realmente dê motivo pra suspirar por alguém, ou até mesmo a tal carência afetiva. Só que depois de um determinado tempo as pessoas ficam tão, mas tão previsíveis, que você já sente grandinha o suficiente pra maldar intenções e saber o momento certo de vestir a roupa de sapo e dar seu pulo.  Por mais qu

Paciência de flor

Imagem
Geralmente a velocidade do nosso dia a dia nos faz ignorar certas manifestações da natureza, que mesmo com poucos espectadores, dá seu show independente da quantidade de público. Passei a observar mais as flores, e cheguei a uma conclusão: não existe nada mais paciente no mundo que uma flor. O botão lentamente se forma, vai inchando, e aos poucos se abre. Sem pressa, sem ansiedade, ela sabe a hora exata de estar pronta para mostrar toda sua exuberância e mesmo que ninguém a perceba, continua a espalhar suas cores e seus cheiros. Acredito que na vida devamos ter paciência de flor. Ter calma na espera, porque nosso momento de desabrochar e encantar chega mais ou cedo mais tarde. Já dizia Acioli Neto "A natureza não tem pressa segue seu compasso". Foto e Texto:  Victoria Leão
Imagem
Ao fazer um balanço de tudo que passou cheguei a conclusão de que tem sido legal ser Victoria. Sei que meu nome é um tanto sugestivo, mas deixo o recado de que nem só de vitórias minha vida se faz. Já perdi coisas pra caramba, de oportunidades à pessoas legais, mas talvez se não fossem as dores eu jamais conheceria a delícia de ser eu. A cada vez que achei que não fosse dar mais conta de correr atrás do que desejava, pude provar a mim mesma que eu era bem mais forte do que im aginava. Dizem por ai que a gente é o que ninguém vê, e quando eu tô só viro artista internacional, cantora, dançarina, poetisa, faxineira, cozinheira, conselheira de mim mesma. Meu lado que ninguém vê também – e não faço questão que ninguém veja, ao menos que faça por onde- me assusta algumas vezes, irritadiça com as próprias inquietudes, ansiosa, dramática, duvidosa da própria capacidade, desleixada com a vaidade, procrastinadora para certos assuntos e por ai vai. Gonzaguinha escreveu algo que me toca