Postagens

Mostrando postagens de 2012

O rei,o príncipe e o menino

Imagem
O repórter insistiu em última e desconcertante pergunta: - "Estará agora resolvido, Silvino, o problema da extinção do banditismo?"   De pronto, sábia resposta- em tom profético- veio aos lábios do velho espingardeiro: " Isto não acaba assim. O rifle não concerta nada. Morreu Lampião. Outros Lampiões aparecerão! E o mundo por aqui continuará girando, até que a Justiça bata às portas do sertão! É de Justiça que o sertão precisa"   Entrevista concedida ao Jornal "A Noite" por Antônio Silvino. Em 1938. Assim começo meu texto de hoje. Antônio Silvino é considerado o primeiro “Rei do Cangaço”,para ele, Lampião era o príncipe, não só pelo motivo de ser seu sucessor, mas pelo fato de suas armas serem mais modernas. Manoel Bapstista de Morais, passou 23 anos,2 meses e 18 dias nas dependências imundas da Casa de Detenção no Recife. Lá dentro, viu de perto a Revolução de 30, a ascensão e a derrocada do então “Governador dos Sertões”  Virgulino Ferreira da

Navio negreiro moderno

O navio negreiro do século XXI possui novos integrantes que são descendentes daqueles que foram oprimidos primeiramente. A cor da pele deles não é puramente negra, de alguns sim, mas a maioria é uma mistura dos oprimidos inicialmente com um povo que também foi escravizado, discriminado, que por serem a mistura entre negros e índios não  souberam pra que lado pender e ainda vivem na dúvida quanto a sua classificação etnológica, são os chamados pardos, mestiços, pejorativamente mulatos, o que significa filhos de mula. Dentro desse navio o comandante chama-se motorista e ele muitas vezes é mal educado, grosso e coloca a vida dessas pessoas em risco. Ainda existe o cobrador, alguém que os novos tripulantes devem pagar para usar o navio. Ou seja, além de todas as coerções impostas eles ainda têm que pagar pra serem empurrados, pisados e muitas vezes mau-tratados. Próximo a embarcação passam outros barcos menores, muitas vezes com apenas uma pessoa dentro. Eles olham para o navio neg

Ser tão seco

Imagem
Sertão. 2012. Seca. Em alguns lugares o chão não vê água há 3 anos. Guerreiros do Sol continuam a trabalhar, dessa vez é pra manter o gado de pé para não perder   anos de dedicação.Água é artigo de luxo, aqueles que têm em abundância é porque tem poder. E quem não tem poder?   Vai ter que esperar o caminhão-pipa chegar com água que antes era utilizada pelos animais. Homens secos, mulheres secas, crianças sem entender o porquê desse castigo, gado morrendo, “Baleia” correndo sem esperança. O conto de Graciliano Ramos continua sendo     atual, Morte e Vida Severina nunca foi tão real, e o sertanejo forte de Euclides da Cunha continua   sem perder a fé. O pior de tudo é que desde 2003 as autoridades sabiam através de pesquisas que tínhamos a previsão de seca para este ano. Saber é uma coisa, fazer é outra e ter compaixão é outra mais diferente ainda... “Então deixa esses matutos morrerem, deixa esse povo esquecido se acabar no Sol, eles estão bem longe da imprensa e dos olhos do po
Imagem
Acabo de voltar de mais uma visita á região histórica do Nordeste baiano, mais conhecida como Sertão. Há um bom tempo que precisava de um pouco de paz de espírito, meu coração precisava se desligar um pouco das coisas que estavam me fazendo mal, resumindo, precisava lavar minha alma. O propósito dessa viagem foi entrevistar as pessoas na procissão dos Fogareús em Serrinha e na subida da Serra do Piquaraçá em Monte Santo.Fiquei encarregada de entrevistar homens acima dos 60 anos, confesso que amei a ideia de ficar com essa parte, respeito muitos os idosos pelo fato de lembrar meus avós, ainda mais homens, que me remetem ao meu velho Leão. Pois então fiz o meu trabalho e não tinha como não me emocionar com as palavras, e mesmo que indiretamente os conselhos e um pouco de ensinamento que eles me passaram. Depois assisti a encenação da Paixão de Cristo e foi lindo de ver tanta gente em volta de um mesmo amor. Em Monte Santo tive um reencontro com minha fé, estive mais perto de alguém
Imagem
Morreu, morreu Meu Pé de Mandacaru não agüentou e morreu Morreu, morreu Meu cachorro, meu boi e quase eu Morreu, morreu Minha vontade de continuar nesse lugar que Deus esqueceu Morreu, morreu Milhões de inocentes na seca que deu. Nasceu, nasceu Mais um filho de Deus Nasceu, nasceu Mais uma esperança que a terra deu Nasceu e morreu não agüentou dois dias de vida e faleceu o peito da mãe tava tão seco que o menino se foi e o padre nem benzeu. Lá vou eu, lá vou eu Vomimbora desse canto arrumar uma terra que dê o que eu planto. Victoria Leão

Percepção

Imagem
Um homem sentou-se em uma estação de metro em Washington DC e começou a tocar violino; era uma fria manhã de Janeiro. Ele tocou 6 peças de Bach por aproximadamente 45 minutos. Durante esse tempo, considerando que era horário de pico, calcula-se que 1100 pessoas passaram pela estação, a maioria a caminho pro trabal ho. Três minutos se passaram, e um homem de meia-idade percebeu que um músico estava tocando. Ele diminuiu o passo, parou por alguns segundos, e então apressou-se a seus compromissos. Um minuto depois, o violinista recebeu sua primeira gorjeta de 1 dólar: uma mulher arremessou o dinheiro na caixa e continou a andar. Alguns minutos depois, alguém encostou-se na parede para ouvi-lo, mas o homem olhou para seu relógio e voltou a andar. Obviamente ele estava atrasado para o trabalho. O qual prestou mais atenção foi um garoto de 3 anos de idade. Sua mãe que o trazia, o apressou, mas o garoto parou pra olhar o violinista. Por fim, a mãe o empurrou fortemente, e a crian

Disse-me-disse

Me diz o que você vê quando abre sua janela Se são flores amarelas ou becos e vielas Me diz se quando você quer dizer que ama alguém dá um grito ou ama em silêncio pra que não haja nenhum tormento Me diz como é teu céu Se tu preferes ele cinza ou que ele tenha sabor de mel Me diz como devo terminar isso Se continuo te perguntando como é aquilo Ou se devo começar a responder o não respondido...
Imagem
Hoje sem querer ouvi a conversa de uma mãe com a filha sobre presentes. A mãe perguntava à criança o que ela gostaria que trouxesse do exterior, visto que esta viajaria na próxima semana e pediu pra filha fazer uma listinha. Pois bem, não existe nada demais em pais quererem agradar os filhos e o meu foco não é esse. Ao ouvir isso lembrei da minha infância, em um lugar bem acanhado chamado Aliança (Pernambuco).Não tive uma infância com muitas regalias, mas também nunca me faltou nada tanto em atenção e carinho como bens materiais. Tinha o tempo certo de ganhar presente : Aniversário, Dia das Crianças, Natal e eventuais encontros com tios que quisessem mimar. Fora isso, era bem raro chegar a alguma loja e apontar “Eu quero esse,esse e esse” e minha mãe comprar. Não vou mentir que às vezes era difícil aceitar um não, mas aquilo era na hora e ao chegar em casa eu sempre dava um jeito de improvisar o brinquedo que queria. Observo que os seres humanos hoje não sabem viv

A dor e a delícia de cada escolha.

Imagem
Parafraseando “ Todo mundo sabe a dor e a delícia de ser quem é” , venho falar de decisões e escolhas. Desde que somos gerados somos uma escolha, uma opção que nossos pais tiveram de nos colocar no mundo, crescemos e temos que decidir entra a boneca ou o jogo de panelas, entre chocolate branco e chocolate preto, até ai tudo muito fácil. Chega um estágio da nossa vida que temos que decidir qual caminho seguir, a história do “Não sei se caso ou se compro uma bicicleta” é só uma amostra. Ora, casar tem suas delícias, você constituir sua família e a partir daí gerar mais seres humanos indecisos, e claro, a quantidade fica à seu cabimento! Comprar uma bicicleta também tem sua delícia, você pode trocar as amarras de um casamento que pode não dar certo, pela liberdade de pedalar e sentir o vento invadindo sua alma. Escolhas serão sempre difíceis, mas não há mal que não se cure com um pouco de tempo e reflexão. Coloque sempre na balança coisas positivas, coisas boas aca