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Mostrando postagens de 2013

O Natal da gente

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Exatamente no dia que eu sento para escrever algo sobre o Natal – e suas dissonâncias – sou surpreendida com a propaganda mais linda do mundo! Sim, em 21 anos de existência nunca havia chorado tanto com uma peça publicitária, sem exageros. A cultura popular tem esse poder sobre mim. Desde pequena convivo nesse meio, pois morava em Aliança – Pernambuco – onde nasceu o Maracatu de Baque Solto (ou Maracatu Rural). Por vezes, era tirada das minhas ocupações de criança pelo “tengo tengo” dos Caboclos quando  passavam na rua, corria para a porta para admirá-los mais de perto e me deslumbrar com suas cores. Desde aquele tempo, me arrepiava com o fervor das pessoas envolvidas em apresentações culturais, e não posso deixar de citar, que vibrava e me enchia de orgulho quando via meu avô – Maestro Zé Leão – tocar junto à banda quando dos festejos na cidade. Depois que meu avô se foi, o Natal tomou outro sentido pra mim, não sei se pelo senso crítico que desenvolvi desde então. É certo

Sobre expectativas

Recorri ao velho Google a fim de procurar um texto que tratasse de expectativas, não encontrei. Na verdade digo que não achei porque não li o que gostaria de ouvir, sendo assim, resolvi escrever para tentar por em ordem meus pensamentos. Desde pequenos somos coagidos a  criar ou a corresponder expectativas. É aquela sensação de quando nossa mãe chega do mercado e esperamos que ela tenha trazido nosso lanche favorito, é o que nossos pais depositam quando prestamos vestibular, é a reciprocidade que esperamos quando conhecemos uma pessoa bacana. Expectativas fazem parte das nossas vidas, nos acostumamos a criá-las até o momento de ser substituída pela decepção – e ainda assim temos aquela pontinha de esperança de que algo pode mudar aos 45 do segundo tempo. Acho que expectativa em algo/alguém é conjugação do verbo no futuro. É a persistência. Como não cultivá-las? Como não pensar no amanhã sem esperar algo? Como não acreditar que não vivemos nos contos de fadas em que no final tu

Ou eles, ou eu.

Hoje, ouvi uma conversa entre amigas em que uma surpreendeu a outra ao afirmar que ao invés de se entupir de gordura e fazer gordices, estava comendo salada. Ok. Não há problema algum de ver uma “gordinha” querendo ser saudável, porém, o motivo não era simplesmente para cuidar da saúde, a intenção era “ficar gostosa, pra chamar atenção dos homi”, de acordo com suas palavras. Pois bem, entendo em parte que a nobre figura tenha tomado um pé na bunda há pouco tempo e esteja  passando por aquela fase que todos nós passamos pós término de relacionamento, de querer provar para o outro que não está sofrendo, que está pegando gente mais fina, mais elegante e mais sincera e foda-se o resto. Estaria tudo certo se o motivo pelo qual ela come salada e queira ficar gostosa fosse para si mesma, para se olhar no espelho e ter vontade de se comer. O ponto que quero chegar, é o fato de uma mulher desejar melhorar sua forma para atrair homens, e antes que alguém me diga que é machismo, quero deixar cla

Exceção

Chico Science dizia através da música que um homem roubado nunca se engana. O que o motivou a escrever esta frase não foi uma decepção amorosa, mas a escreveu para alguém que lhe prometera algo e depois não cumpriu, no caso, um tênis Adidas. Esta citação pode se aplicar a qualquer relação, seja ela, familiar, financeira e , sobretudo, as relações amorosas. Ah o amor! Mesmo quando não queremos pensar nele, inevitavelmente ele surge no meio da conversa e assim como acontece com os corações apaixonados, faz perder o rumo da prosa. Por mais que um dia alguém nos magoe, nos decepcione, nos desiluda, seja desleal, nem os mais fortes corações conseguem resistir  aos encantos de uma nova paixão. Como diz o poeta "É fogo que arde sem se ver", daí nos lançamos nessas chamas e a alma em efervescência já não sabe mais o que é certo ou errado, o que é coração ou que é razão. Eu falei razão?. Neste momento a razão tem cara de um antropólogo, sentado em seu escritório, cercado de livros
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Procurei palavras para traduzir o que sinto neste momento. Não as encontrei. Cheguei à conclusão de que devo apenas desfrutar dessa energia tão maravilhosa que me cerca neste momento. Há exatamente uma semana atrás não imaginava o que estava prestes a acontecer. Desde que comecei a viajar para o Sertão de Canudos, alimento minha vontade incontrolável  de descobrir coisas novas neste lugar, é uma flor que brota no meio do cinza da caatinga castigada pelo sol, é um menino que segue os mesmos passos do pai na labuta do campo, é o imponente sol que ilumina mas que também maltrata o chão, são os olhos curiosos que estranham a presença de gente diferente, mas que mesmo assim, tratam com uma atenção inigualável. São olhos de gente simples com sede de saber, que assim como eu, investigam, descobrem e se encantam com um aprendizado novo sobre esse lugar mágico. Sertão pra mim é isso. Aprendizado. Emoções afloradas. E acima de tudo: Gratidão! Pois quando estou lá percebo o quão sou abenço

Nada é por acaso

Hoje, durante um almoço de família ,uma tia perguntou-me: “Como vai o coração?” . A resposta,  foi que ele continua batendo no ritmo normal, sem ninguém que o faça disparar. Ela retrucou dizendo : “Fique tranquila que quando menos você esperar, o destino te apronta  uma”. E a partir disso começamos a conversar sobre as coisas que acontecem na vida da gente, que tudo acontece por algum motivo, que somente Deus no momento que nos manda para esse plano espiritual, sabe o que faremos todos os dias de nossas vidas. Não vai ser à toa que você vai pegar aquele ônibus e sentar naquele banco, ao lado de alguém até então desconhecido. Não vai ser por acaso que em um dia chuvoso, o destino vai aprontar pra você se abrigar embaixo de uma cobertura exatamente ao lado de alguém que vai mudar sua vida. Pense um pouco na sua história, lembre-se de como seus pais se conheceram.  Revejo a minha história e percebo que nada aconteceu à toa. Aquelas lágrimas despejadas em determinada fase por causa de

Da derrocada ao esquecimento

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Durante o dia 28 de julho de 2013 tive uma infeliz constatação. Sequer um jornal de grande circulação da Bahia citou no periódico ou no formato digital os 75 anos do Massacre do Angico. Devemos lembrar que o referido estado foi local de passagem, coito, acordos, traições, mortes e berço da cangaceira mais famosa- Maria Bonita. Data que deveria ser devidamente referenciada e sinalizada devido à importância dos fatos que ocasionaram a ascensão e a derrocada, se assim podemos dizer, do Cangaço. Em uma semana tomada pelo Papa e o Bebê Real já era de se esperar que a morte de um gênio da música brasileira –Dominguinhos- e de um dos últimos cabras de Lampião - Candeeiro- que inclusive sobreviveu a Angicos, passassem sem a devida atenção e reconhecimento. Como já dizia o célebre Chico Science “Acontece hoje, acontecia no sertão quando um bando de macaco perseguia Lampião...”75 anos de pois e pouca coisa mudou. A fome continua a mostrar sua mais bruta face, a falta d’água permanece sendo
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Cada viagem ao sertão percebo elementos diferentes, tenho uma visão diferente da anterior, é como se fosse uma eterna primeira vez. Na minha quinta viagem sinto que essa primeira vez foi extremamente diferente, me permiti sorrir mais, me abri mais às pessoas que não conhecia, me permiti ter mais coragem, me permiti beber sem medo do que poderia acontecer depois, me permiti cantar e tocar sem medo de perder o ritmo ou errar a letra, me permiti dançar forró com desconhecidos sem temer errar o passo. Alguém já citou que quem viaja se abre para o mundo, consegue ter uma visão diferente sobre a vida e a rotina que ela muitas vezes se torna. Sair da rotina, era exatamente isso que precisava fazer há tempos e não me permitia fazer. Nunca tinha feito a correlação que a subida da Serra do Piquaraçá é uma breve representação da nossa vida. A caminhada é árdua, em alguns pontos extremamente difíceis, existem cobras e uma boiada pelo caminho que se você não passar em silêncio e com cuidado pode

"Engole teu coração e se ama por dentro"

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Ame. Ame mesmo, minha filha. Mas saiba o momento exato de deixar de amar. Saiba entender quando chega a hora de dizer um valeu, foi bom, adeus. Ame, acima de tudo à você mesma, pois se não existir amor próprio você nunca conseguirá separar o que te faz bem do que te faz mal. Entenda que por pior que seja a dor ela é passageira. Nenhuma dor é eterna. Mesmo quando perdemos um ente querido e sofremos com sua ausência, a tristeza e a dor são passageiras, mas as lembranças e a saudade são eternas.
A gente nunca sabe quando nossa vida dará um giro. Quando tudo  está aparentemente concreto surge um mar de incertezas. E é quando menos esperamos, quando mais nos sentimos seguros recebemos uma rasteira. Acho que na verdade é a vida dizendo “vamos viver”, pois sem esses pequenos sustos não passaríamos por esse mundo sem deixar nossa marca, sem dizer para os demais que por aqui passamos, vivemos, choramos e sorrimos. Sem as tais rasteiras da vida jamais teríamos momentos de extrema felicidade, pois não existe uma noite de choro que não seja recompensada por uma manhã de sorrisos, e quando saímos da fase da amargura somos capazes de enxergar beleza onde menos esperamos. A vida é assim, não existe receita para a felicidade, não existe príncipe, e  muito menos o para sempre. É caindo para depois se levantar mais forte, é ficando triste de novo e sorrindo logo depois. É um ciclo que só acaba quando deixamos de existir na terra.